Bem-vindo!

Aqui é um espaço onde vou aproveitar para colocar em prática meu hobby de escrever e se você está aqui agora lendo isso, que legal, é muito bem-vindo!

Agora poderá conhecer um pouquinho dos personagens que conheci (na vida real), daqueles
que criei para o teatro e de outros que criei apenas na minha imaginação...

Enjoy it!

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

As duas faces de mim mesma


Preciso de cor. Eu busco cor. Cor na vida, nos sentimentos, nas ações... Sou uma pessoa do bem que por vezes se perde dentro do emaranhado de pensamentos e cai em suas próprias ciladas, uma pessoa com muita energia que por vezes não consegue sair do mesmo lugar, sou alguém que tem tanto amor que acaba, por vezes, agindo com ódio. Sou uma mistura de elementos bons e ruins. Sou, na maioria de mim, uma pessoa boa que se perde tentando se encontrar.

Sou uma alma cigana de grande coração. Sigo migrando de lugar em lugar sempre tentando encontrar o melhor cantinho, o lugar mais aconchegante para acomodar minha alma. Em minha essência, sou uma pessoa que vive da busca, e estou no caminho para que eu me deixe ter o prazer de viver o momento onde eu encontro o que sempre busquei.

Sou, contudo, uma mistura de mim mesma.
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sábado, 15 de novembro de 2008

Sobre a mulher...


Volto da missa agora e sinto uma imensa vontade de compartilhar um pedacinho da bíblia que foi tão bonito ouvir hoje na Igreja. Nada de feminismos, porque não sou nem um pouquinho feminista. Mas acho que tem muitas coisas preciosas neste livro que nos parece tão complexo...

Provérbios:

"Uma mulher forte, quem a encontrará? Ela vale muito mais que as jóias. Seu marido confia nela plenamente, e não terá falta de recursos. Ela lhe dá só alegria e nenhum desgosto, todos os dias de sua vida. Procura lã e linho, e com habilidade trabalham as suas mãos. Estende a mão para a roca, e seus dedos seguram o fuso. Abre suas mãos ao necessitado e estende suas mãos ao pobre. O encanto é enganador e a beleza é passageira; a mulher que respeita o Senhor, essa sim, merece louvor".

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

No ônibus

Esses dias, estava voltando da universidade de ônibus, e antes de colocar o fone no ouvido, prestei atenção naquelas conversas paralelas que rolam quando a gente está em ambientes cheio de gente.

Era o cobrador comentando com o motorista se ele tambem tinha comprado o sabonete do Paulo. "Comprei, comprei" - disse o motorista. Satisfeito, perguntou se ele havia gostado do perfume do sabonete.
- Bom o cheirinho - acho que se pegou sendo meigo demais e completou: - Dei pru meus guri! - como um digno macho gaucho faria.

Achei tao meigo...
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sábado, 8 de novembro de 2008

Meu amigo, meu amor




Eu tinha sete anos quando ele entrou na sala de aula. “Pessoal, este é o novo colega de vocês”, disse a professora. Senti um frio na barriga e meu rosto esquentar. Guardei dentro do meu estojo cor-de-rosa, a escova com que penteava meus cabelos e fiquei imóvel, olhando fixo para o quadro-negro quando vi que ele me olhava.

Desde então nunca mais nos separamos. Estava sempre comigo. Nas fotos de infância e adolescência, era sempre ele quem estava ao meu lado. Alguns pensavam que éramos irmãos, outros diziam que éramos namorados e eu ficava furiosa, pois fui mais alta que ele por um bom tempo.

Quando beijei meu primeiro namorado, ele ficou uma semana sem falar comigo. Nunca mais quis saber do garoto e voltamos a ficar amigos. Ele me xingou, dizendo que era vulgar uma menina beijar na boca aos 13 anos. Quando começou a namorar, inventei uma doença qualquer e fiquei sem ir à escola por uns dias.

O que sinto quando estou com ele é melhor do que tudo o que já senti com todos os meus amores. Posso estar triste, mas quando ele me vê e abre aquele sorriso, é como se eu sentisse cócegas por dentro. A sensação de estar vendo tv ou fazendo nada ao seu lado é mais agradável do que qualquer outra que já conheci.

Tive experiências sensacionais e pessoas que até chamei de meu amor, mas nunca alguém me deixou tão feliz com um simples sorriso ou tão confiante apenas com um olhar.

Ele sabe de tudo da minha vida. Dos meus maiores acertos aos meus piores fracassos. Sabe do meu lado bondoso e do meu lado cruel, de todos os meus amores e desamores.

Dizem que a gente deve casar com quem se gosta de conversar... E se a gente também gostar de ficar por perto sem falar nada, gostar de ficar olhando, de viajar junto, de tomar sorvete de uva?

Aline Bortolin
08/11/2008

sexta-feira, 15 de agosto de 2008

A noite de uma feia



Fazia frio. Mas eu decidi que queria ser sexy aquela noite. Então iria usar o que meu guarda-roupas oferecesse de mais provocante. Pintei as unhas de vermelho na sala, cuidando pra não borrar porque toda vez que eu ia pintar o próximo dedinho do pé, minha barriga atrapalhava tudo. Ainda bem que eu não tinha jantado porque senão acho que teria vomitado, de tanto que esmaguei a coitada pra arrasar com meu pezinho vermelho.

Ao som de Madonna, fiquei no banheiro alisando meus cabelos. Ai, que droga, bem na raiz ainda dá pra ver que sou crespa! Que raiva! Fica tudo arrepiadinho! Bom, vou caprichar no resto.

Batom vermelho...Olhos bem pretos pra eu ter um olhar poderoso sobre os homens! Ah, hoje eu quero ver! Quero deixar aquelas mulheres secas no chinelo! Nada de modelos, homem gosta mesmo é de mulher com curvas. Hoje, só vai dar eu!

Coloquei, então, um vestido preto, bem curto e com um generoso decote. Para combinar com as unhas, decidi que usaria minha sandália vermelha, salto doze. Joguei meus cabelos negros e lisos sobre o decote insinuante do vestido, sorri para o espelho e parti.

Ao chegar na balada, a cada passo que eu dava na entrada da boate, os olhares me cortavam por dentro. Todo aquele ânimo, aquela empolgação que tive ao me arrumar, ao sonhar com a minha noite, começaram a escorrer por entre os dedos...

Comecei a dançar e fingir que não estava me importando com aquilo, fingir que só tinha saído pra curtir, sem nenhuma outra pretensão. Mas a feia rejeitada dentro de mim gritava de decepção. Chorava de amargura. Frustração. Tentava ser sexy, sorrir para parecer alegre, fazia poses de autoconfiante, mas a minha casca não ajudava em nada. O olhar das pessoas sobre mim era reprovador. As mulheres me olhavam e riam. Os rapazes mal me olhavam. Nada mais horrível do que ter uma aparência que não agrada.

Ao se aproximar do fim da festa, percebi um homem moreno, alto, de olhos claros e tronco largo, que caminhava rumo a mim. Vinha olhando fixamente em minha direção. Olhei ao redor e atrás para ver se o rapaz não iria falar com outra pessoa. Não havia ninguém. Olhei pro pulso, para ver se eu estava usando meu relógio e ele pudesse pedir as horas, e até cogitei que fosse perguntar por alguém. Mas ele me fitava nos olhos. Com o dedo no canto dos lábios, comecei a arrumar o batom que devia estar borrado, encolhi a barriga e esperei.

Com um leve sorriso, se apresentou e começamos a conversar... Sua voz era grave e levemente rouca, o que me levava a ter fantasias, imaginando seu sussurro em meu ouvido. Suas palavras eram como massagem para meu ego.

Após um tempo de conversa, ele me ofereceu uma carona. Finalmente, atingi meu objetivo daquela noite! Sei que não podia esperar o amanhã dele, mas para mim, aquela noite bastava.

De certo, ele havia levado um fora da mulher mais bonita da festa. Ou talvez tivesse brigado com a namorada. Pra mim, isso não interessava. A única coisa que eu conseguia pensar era que posso ser feia, mas ainda sou mulher!
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terça-feira, 27 de maio de 2008

Diário de uma atriz

Uma boa atriz é uma atriz que se conhece. Tem o domínio de si. Ela não tem vergonha do que possa parecer, pois escolheu botar sua verdade para fora. Escolheu se expôr, portanto tem maiores chances de ser amada e de ser rejeitada. Contudo quem já a conhece, não irá desgostar dela caso não goste de um trabalho que ela fez. E quem não a conhece, caso não goste dela, que mal isso fará à sua vida que nunca teve a participação desta pessoa?

Uma boa atriz sabe do que ela tem medo e enfrenta todos os dias seus inimigos. Ela os enfraquece e acaba vencendo todos eles pela persistência.

Uma boa atriz sabe o que sente quando sobre no palco e se depara com o público. Ela sabe o que o frio que sente em sua barriga está querendo alertar. E então ela trabalha isso, para que o frio na barriga, seja algo que ela consiga dominar.

Uma boa atriz sabe o que sente quando está diante das câmeras. Ela sabe o poder de um close, onde com toda a sua imaginação, ela consegue conduzir os sentimentos e tocar o coração dos telespectadores através de um simples olhar. Consegue levar desde a lavadeira até o mais alto executivo a atingir diversas emoções no momento em que ela transcende. No momento em que ela entra em outra vida e passa a não ser mais o que ela era há um segundo atráz.

Uma verdadeira atriz sabe que precisa muita dedicação para se chegar ao cume da inspiração e ela vive isso diariamente, de todas as maneiras possíveis.
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quarta-feira, 14 de maio de 2008

Maria Clara

Somente quem tem uma mente perturbada consegue compreender o que é uma mente conturbada.

Meu nome é Maria Clara. Tenho 35 anos. Insistem em me dizer que sofro de uma doença. Na verdade não sofro de doença alguma. Eu sofro é de rejeição, de solidão. Me sinto muito sozinha, ainda que tenha uma multidão do meu lado. Eu sinto que incomodo minha família. Apesar de eles gostarem muito de mim e se esforçarem pra transmitir o amor deles, eu sinto uma tristeza por dentro. Por um lado porque sei que eles nunca saberão como funciona minha mente. Por mais que eles se esforcem eu vejo a frustração deles em não me compreender. Vejo em seus olhos, seus sorrisos sem graça quando entro em "surto". Não gosto de denominar tais sensações que me ocorrem com as palavras utilizadas pela medicina, mas em momentos acabo me sentindo meio escrava delas. Talvez para me sentir mais pertencente a este "universo".

Às vezes o que me acontece é uma sensação súbita de inércia. Vontade de não pensar em nada e ficar imóvel. É quando eu sinto que estou entrando em meu casulo. Ao avistar esse momento - para mim mágico e desesperador - os "responsáveis" pela minha sanidade mental, correm me levar ao hospital, onde passo alguns dias tomando dolorosas injeções e sendo torturada para voltar à vida sem graça e rotineira que os mundanos levam. Sempre interrompem o caminho onde vou para meu mundo maravilhoso. Meu mundo mágico onde só existem eu e as pessoas que eu crio para confortarem minha existência. Lá só existe paz... no início... depois eu não sei ao certo qual o momento, mas de repente o que era mágico começa a ser destruído e a ruína se inicia. É o momento onde me perco totalmente mesmo no mundo que eu mesma criei. Isso me revolta intensamente pela crueldade de Deus invadir meu próprio universo particular. Esse deus que pertence aos outros, ao mundo das pessoas normais. É, eu não me acho normal. Porque eu descobri que ser normal, é ser sem graça. É ser chato. É rir se todos riem. É levantar se o outro levanta. Ser normal é ingressar nessa comunidade tola. Eu prefiro ser eu. Ser coerente com o que penso e sinto. Ainda que meus pensamentos e sentimentos não sejam coordenados da maneira como os mundanos esperam que sejam.

Agora eu vou te confessar uma coisa. Apesar de eu ser corajosa no meu agir, às vezes eu sinto muito, mas muito medo mesmo. Medo de me invadirem, porque sempre acabam me invadindo. Medo de ficar sozinha no mundo e não ser mais compreendida. Medo de ser atacada pelos inimigos que minha mente começa a criar quando esqueço de tomar a porcaria do remédio. Sim, eu sou inteligente. Muito já li e estudei sobre minha "doença", ou melhor, sobre minha forte característica que me diferencia desta massa sem graça. Eu sou intensa. Na boa e na má. Sei que posso ser inofensiva como uma criança (pois eles me dizem isso quando eu me sinto feliz e segura). E sei que não tenho limites para a maldade que habita em mim quando me sinto ameaçada e me confrontam. A coisa que mais quero é me proteger. Busco a segurança em cada ato que faço.

...é, mas nem sempre. Porque eu sou o sim e também o não e as vezes os dois juntos.
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quinta-feira, 1 de maio de 2008

O porteiro apaixonado

E, mais um dia, chego em casa cansada ou com pressa e o vejo de longe se preparando para me receber. Mal consegue conter a alegria que aflora dentro de si. Levanta e estufa o peito, aguardando enquanto me aproximo. Apruma a camisa para dentro das calças do uniforme que usa. Vejo o brilho de seus olhos e isso, em alguns momentos, me comove, sinto-me de certa forma um ser mais especial para o mundo – ainda que eu esteja divagando nas minhas tolas preocupações.

Cansado de puxar assuntos de desgraças e tragédias, vendo que nada me agradava, agora o pobre homem tenta contar as últimas notícias boas que leu no jornal que entrega aos moradores do prédio: prédio, este, que ele passa todos os dias de sua semana abrindo e fechando a porta do elevador para quem quer que ali passe. Sua única função de poder é o momento em que impede a entrada de alguém no edifício. E o momento em que se sente mais importante, é quando sabe que terá minha total atenção: a entrega de recados. Nesse instante, provido de completa atenção, o coitadinho mal consegue conter sua felicidade. Então, ao abrir a porta do elevador, começa sua interminável sentença de frases agradáveis e gentis. Como se apenas um “boa noite” não bastasse.
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terça-feira, 15 de abril de 2008

Momento da vida

Chega a um ponto que você acorda e se pergunta o que está acontecendo. Quando percebe que as coisas que te davam tremenda euforia já não lhe causam mais tanta emoção. Que aquilo que te feria amargamente já não lhe causa tanto impacto. Você se questiona se a vida te anestesiou... até perceber que novas coisas lhe trazem novas emoções. Coisas que você nunca valorizou passam a ser fundamentais em sua vida. Tudo aquilo que nunca imaginou agora você se percebe fazendo. E ainda com o maior prazer! Descobre em si mesmo forças que nunca pensou possuir e emoções que chegou a duvidar que existissem. Você anda mais um pouco, pára e se pergunta se aquele ali ainda é você. Você se acha estranho. A euforia passou e no lugar dela, tomou conta uma felicidade terna e constante... Então você percebe que a coisa que mais te assustava já não lhe é mais tão assombrosa. Percebe que depois de subir um degrau na escada da vida, não se pode mais voltar a ver as coisas sob o mesmo ângulo.

Então você viu que cruzou o oceano, chegou à outra margem, e, sem mesmo perceber, queimou seu próprio barco para se permitir ali permanecer, pois já não há mais vontade de voltar...
03.12.2006