Bem-vindo!

Aqui é um espaço onde vou aproveitar para colocar em prática meu hobby de escrever e se você está aqui agora lendo isso, que legal, é muito bem-vindo!

Agora poderá conhecer um pouquinho dos personagens que conheci (na vida real), daqueles
que criei para o teatro e de outros que criei apenas na minha imaginação...

Enjoy it!

domingo, 15 de novembro de 2009

Sangue e teu perfume



Senti o jorro do seu sangue quente em meu pescoço. O som ensurdecedor daquela freada brusca do carro que insiste em me atormentar. O silêncio que marcava o início do nada. Levantei e segui meu caminho pela estrada vazia, levando comigo parte de você nas mãos, na roupa... cabelos inundados de sangue... nada mais importava.


E segui, desejando ardentemente que fosse eu que tivesse partido naquele acidente - desejo esse meu egoísta que almejava me poupar da dor, mas também amoroso por querer te dar um pedacinho mais de vida, estender um pouco mais da tua história.

- Meu filho, não! – dizia a mãe debruçada sobre o caixão. O pai atordoado fumava sem parar ao lado de fora da capela. Eu, permaneci calada, observando tudo de longe, tentando não arrancar fora aquela tampa do caixão e gritar para que você voltasse à vida. Mas calei.

Ao voltar para casa, todos foram para seus quartos enquanto a mãe dizia para o pai:


- Manda a empregada arrumar as coisas do quarto dele - Então fui. Arrumei tudo direitinho, do jeito que você gostava. Ali me tranquei e, vendo suas fotos, sentindo o perfume de suas roupas, chorei a dor da saudade. Saudade daquilo que nunca se chegou a viver, para mim essa era a mais dolorida! Lembrei da noite anterior, seu sussurro na janela do meu quarto, pedindo para eu sair pelos fundos que me esperaria no carro. Minha música preferida tocava quando entrei. Sorriu, me beijou e partimos. Seguimos sem rumo pela estrada, até que nossas músicas prediletas se esgotassem. Até que o sono batesse e tivéssemos que voltar. Até que o destino, talvez, nos impedisse.

sábado, 14 de novembro de 2009

Lançamento do livro "Contos de Abandono"

O abandono, enquanto experiência humana, não exige, necessariamente,
sofrimento; pode resultar na exultante - e mesmo insuspeita - possibilidade
de novos caminhos.

Em CONTOS DE ABANDONO, os autores escolhem as
tintas com as quais pintam as telas da narrativa.
(José Carlos Laitano)



(Foto: Marco Nedeff)


Obrigada a todos que participaram deste momento especial! Os que estavam ali presentes e os que, mesmo que ausentes, se fizeram presentes.


ONDE ENCONTRAR:

Um beijo,

Aline

terça-feira, 27 de outubro de 2009

CONVITE!

Convido vocês para o lançamento do primeiro livro que estou participando. É uma coletânea de contos sobre o abandono, onde participo com um conto meu sobre o tema.

Local: Sala Leste do Santander Cultural
Data: 11/11, quarta-feira, às 18h.

MESA-REDONDA (18h)
Tema: O abandono e seus diversos olhares.
Paulo Rebelatto, psiquiatra
Luiz Antônio Assis Brasil, escritor
João Batista Costa Saraiva, juiz.

AUTÓGRAFO COLETIVO (20h) - Memorial do Rio Grande do Sul

(clique no convite para melhor visualização).





sexta-feira, 23 de outubro de 2009

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Meu adorável professor


Sabia que estar ali bastava.
Sentia através do seu olhar que minha presença era capaz de encher a sala. Enquanto a dele enchia meu coração.

O dia mais esperado da semana. Horas para se arrumar. E ainda assim, a certeza de que querendo ser pontual, chegaria sempre atrasada.

Enfim, a aula começava. Começou. Atenção. A matéria, antes chata, agora me encanta. Ele sabe mesmo ensinar.

A aliança que leva no dedo, pouco me importa, porque sei que não o impedirá de voltar semana que vem na mesma hora, no mesmo lugar.

Ele conta uma piada. Rio. Ninguém mais ri. Sinto um calorão no meu rosto, devo estar vermelha! Será que ele percebeu?

Algo bate em minha nuca. Um aviãozinho de papel jogado do fundo da sala. Esses meninos são muito criança! O sino toca. Pego minha merendeira cor-de-rosa e vou para o recreio.
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quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Prece de hoje

Que Deus te faça compreender
Porque o sol se esconde quando a lua quer brilhar
E porque o sol brilha quando ela vai descansar.
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domingo, 10 de maio de 2009

Amiga?




















Quem é que nunca teve uma amiga que sempre te enche de “ai amigaa”, ou “miga”, “querida, linda, fofa, abençoada....” e por aí vai. O que tenho pra falar é simples e claro: chega de firulas no blablablá, o que vale é a autenticidade. Não precisa encher a boca de adjetivos para falsear uma proximidade, a questão é ser simples e direta.

Porque prestando atenção as meiguinhas demais não são tão santas quanto se mostram ser. "Amiga, sabe que eu adoraria ir, mas só se tu me buscar" (caroneiras). "Ai miga, ai não sei se vou, quem é que vai?" (interesseiras). “Aiii, me liga e diz que tu precisa falar comigo urgente só pra eu sair de lá (pilantras quando estão com uma companhia ruim. Detalhe: ela te deixa como a vilã – será que foi sem querer?).

Quem é que não se assusta quando a meiga trai seu namorado, mente ou engana o chefe? E quando você precisa daquela criatura doce, que você fez tanto por ela por achar que ela era indefesa, e ela te vira as costas?

Acho que tem uma fase na vida que aceitamos muitas coisas porque cremos que o importante é a quantidade de amigas. Então, chega um momento que você ouve de dentro de si um simples: Basta! Essa voz interior vem e peneira os bons e os maus. Os que valem a pena serem cultivados e os que merecem ir para o lixo. E isto, que parecia tão antipático há pouco tempo atrás, é tão libertador! Ah, se eu soubesse disso há alguns anos, quantas vozes doces eu teria tirado do meu caminho, com frases meigas de intenções perigosas. Abaixo as tais meiguices! Eu quero minhas amizades de raízes fortes, sólidas e autênticas.
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domingo, 19 de abril de 2009

O som do coração



Estava em uma festa universitária numa universidade americana que agora não me lembro o nome. Entre os comes e bebes em meio a risos e danças, começo a ouvir uma música que destoava da balada dançante a qual eu estava. Mesmo gostando de estar ali, o outro som era mais intrigante, mais profundo, mais presente. Discretamente deixei aquela sala – que era palco de uma discoteca para os que lá estavam – e segui pelo enorme corredor escuro passando pelas salas vaziam que ecoavam o som que eu tentava alcançar. Passei a ouvi-lo mais alto, agora era possível identificar sua origem, vinha de um piano, e a cada passo da minha apressada caminhada suas notas ficavam mais claras.

Quando lá cheguei, enxerguei um lindo garoto tocando piano numa sala vazia. Tocava de forma intensa e apaixonada, o que me deixava mais fascinada. Embora envergonhada por ali estar, a sós com um estranho, dali não conseguia sair. Nem parar de olhá-lo. Sentia que um rubor tomava conta de mim, foi quando ele parou de tocar e disse:
- Oi, tudo bem?
- Você toca muito bem – falei, meio desconcertada.
- Não sou eu que toco. - pausa - É ele – falou apontando para cima.
Rapidamente olhei para o teto, depois para os lados e então para baixo – como faz uma adolescente insegura quando não entendeu algo.
- É ele, é Deus quem me inspira.

Por alguns instantes ficamos em silêncio. Não lembro o que se sucedeu depois, mas jamais me esquecerei daquele momento.
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quarta-feira, 15 de abril de 2009

Um pouquinho de vida...

segunda-feira, 30 de março de 2009

Quando eu morri...



Minha morte foi lenta. Fui morrendo aos poucos. Fui percebendo que estava no caminho da morte quando tudo começou a mudar, as pessoas, as coisas... Meu sonho morreu. Então, quando notei que estava morta, já não sentia mais dor, porque a dor havia se dissipado nesse percurso.

Pensava que morrer doía. Não dói. Na hora não dói, não se sente nada, parece que ainda se está vivo até o momento em que você sai de seu próprio corpo e olha para si mesmo. Todos tentam te ajudar, clamando pela tua vida, enquanto o que você achava que era você, está ali, estagnado.

Morrer não dói porque só é possível sentir quando o coração vive. Morrer é abstrair-se, é deixar, abandonar os que te amam e a si mesmo.

Acordei sentindo saudades de mim. Ao sentir o calor das lágrimas que escorriam sobre minha face, percebi que, naquele instante, Deus me dava algo mágico: a dádiva da vida. Minha vida estava de volta.
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terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Coisas da vida

Desastre ou vitória. Ambos foram muito intensos. Quisera por dias consecutivos ser insensível, característica que mais desprezei durante toda a minha vida!

No principio, o caos. Tudo que era integrado se desmanchou. Tudo o que acreditava ser verdadeiro, era falso ou, ao menos, não tão verdadeiro quanto eu considerava. A dor era inevitável, o desejo de sair correndo tomava conta do meu ser. Chorava escondida no meu canto por não ter palavras para expressar o que sentia. Ainda que encontrasse as palavras certas nunca iria mudar o caráter de quem me magoou, pois algumas horas de conversa não poderiam alterar o que demorou anos para se consolidar. A desconfiança tomou conta do meu ser, já não sabia mais em quem confiar, comecei a sentir desprezo pelas pessoas que mais próximas estavam e assim para longe fui...

E indo por esse novo caminho, descobri um mundo que não conhecia. Interessante, cheio de descobertas e novos afetos. Um mundo onde despertava a vontade de ficar, de ali permanecer porque ali era meu habitat. E vivi esse mundo com a intensidade e sensibilidade que pude.

E mais uma vez comprovei que é melhor ser sensível porque os momentos de alegria são muito mais intensos e vivos do que para aqueles que não tem a capacidade de sentir. E não há nada que se possa comparar com aquela euforia calma que acalenta o coração sensível.

Enfim, paz.