Bem-vindo!

Aqui é um espaço onde vou aproveitar para colocar em prática meu hobby de escrever e se você está aqui agora lendo isso, que legal, é muito bem-vindo!

Agora poderá conhecer um pouquinho dos personagens que conheci (na vida real), daqueles
que criei para o teatro e de outros que criei apenas na minha imaginação...

Enjoy it!

sexta-feira, 15 de agosto de 2008

A noite de uma feia



Fazia frio. Mas eu decidi que queria ser sexy aquela noite. Então iria usar o que meu guarda-roupas oferecesse de mais provocante. Pintei as unhas de vermelho na sala, cuidando pra não borrar porque toda vez que eu ia pintar o próximo dedinho do pé, minha barriga atrapalhava tudo. Ainda bem que eu não tinha jantado porque senão acho que teria vomitado, de tanto que esmaguei a coitada pra arrasar com meu pezinho vermelho.

Ao som de Madonna, fiquei no banheiro alisando meus cabelos. Ai, que droga, bem na raiz ainda dá pra ver que sou crespa! Que raiva! Fica tudo arrepiadinho! Bom, vou caprichar no resto.

Batom vermelho...Olhos bem pretos pra eu ter um olhar poderoso sobre os homens! Ah, hoje eu quero ver! Quero deixar aquelas mulheres secas no chinelo! Nada de modelos, homem gosta mesmo é de mulher com curvas. Hoje, só vai dar eu!

Coloquei, então, um vestido preto, bem curto e com um generoso decote. Para combinar com as unhas, decidi que usaria minha sandália vermelha, salto doze. Joguei meus cabelos negros e lisos sobre o decote insinuante do vestido, sorri para o espelho e parti.

Ao chegar na balada, a cada passo que eu dava na entrada da boate, os olhares me cortavam por dentro. Todo aquele ânimo, aquela empolgação que tive ao me arrumar, ao sonhar com a minha noite, começaram a escorrer por entre os dedos...

Comecei a dançar e fingir que não estava me importando com aquilo, fingir que só tinha saído pra curtir, sem nenhuma outra pretensão. Mas a feia rejeitada dentro de mim gritava de decepção. Chorava de amargura. Frustração. Tentava ser sexy, sorrir para parecer alegre, fazia poses de autoconfiante, mas a minha casca não ajudava em nada. O olhar das pessoas sobre mim era reprovador. As mulheres me olhavam e riam. Os rapazes mal me olhavam. Nada mais horrível do que ter uma aparência que não agrada.

Ao se aproximar do fim da festa, percebi um homem moreno, alto, de olhos claros e tronco largo, que caminhava rumo a mim. Vinha olhando fixamente em minha direção. Olhei ao redor e atrás para ver se o rapaz não iria falar com outra pessoa. Não havia ninguém. Olhei pro pulso, para ver se eu estava usando meu relógio e ele pudesse pedir as horas, e até cogitei que fosse perguntar por alguém. Mas ele me fitava nos olhos. Com o dedo no canto dos lábios, comecei a arrumar o batom que devia estar borrado, encolhi a barriga e esperei.

Com um leve sorriso, se apresentou e começamos a conversar... Sua voz era grave e levemente rouca, o que me levava a ter fantasias, imaginando seu sussurro em meu ouvido. Suas palavras eram como massagem para meu ego.

Após um tempo de conversa, ele me ofereceu uma carona. Finalmente, atingi meu objetivo daquela noite! Sei que não podia esperar o amanhã dele, mas para mim, aquela noite bastava.

De certo, ele havia levado um fora da mulher mais bonita da festa. Ou talvez tivesse brigado com a namorada. Pra mim, isso não interessava. A única coisa que eu conseguia pensar era que posso ser feia, mas ainda sou mulher!
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